Se, no passado, uma simples fotografia com guardanapos na cabeça derrubou nomes influentes da política, agora o estopim pode ser ainda mais devastador. A crise atual tem como protagonista um personagem até então discreto, um excluído, atacado e abandonado, que acumulou provas, memórias e ressentimentos. Sua reação não nasce do nada: além de ter sido afastado, foi covardemente atacado e deixado à própria sorte em um dos momentos mais difíceis de sua vida. Esse ex-aliado, que transitava livremente pelos corredores do poder, detém um arsenal de documentos e informações: de notas fiscais a conversas comprometedoras, passando por detalhes de negócios de bastidores. Ele não apenas ouvia — e fingia não ouvir — como também articulava e participava de tratativas controversas. Pagava contas, assumia compromissos e acompanhava de perto negociações sensíveis. O alvo de sua fúria agora é duplo: um poderoso secretário e o mandatário atual. Segundo apuração, a briga que deflagrou o rompimento tem a mesma raiz que ameaça corroer este governo: a palavra dada e não cumprida. Soma-se a isso a falta de liderança do atual chefe do Executivo, que, em vez de acolher e dialogar, preferiu a omissão — e deixou crescer um ressentimento que agora transborda. Onde acaba o diálogo, começa a guerra — e esta promete não poupar ninguém.